Centenas de pessoas participaram de um dia voltado ao resgate da cultura das fiandeiras da cidade de Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. No último sábado, dia 16, uma estrutura foi montada em frente à Igreja Matriz de Trindade, para que as fiandeiras remanescentes pudessem reativar suas rodas de fiar e mostrar como era produzida a linha de algodão. A programação incluiu ainda missa sertaneja, apresentações musicais e muitas histórias e conhecimento acerca do ofício de fiar e tecer. Também houve exposição de produtos produzidos por fiandeiras da cidade.
O evento faz parte do Projeto Resgatando Vidas - as Fiandeiras de Trindade; uma iniciativa da vereadora Márcia Josefa da Silva e conta com apoio da Associação do Produtores de Algodão de Goiás (Agopa). O objetivo é manter viva essa tradição que vem se perdendo ao longo do tempo. A Associação decidiu fazer parte deste projeto que tem tudo a ver com o trabalho e a filosofia da cotonicultura goiana.
Lúcia Helena de Lima Vaz é coordenadora da Associação de Idosos Fonte Vida. Para ela, este é um projeto importante de resgate da vitalidade dos idosos. “É um passado delas, e esse resgate significa trazer suas mães e ancestrais que passaram esta arte para elas. A iniciativa acrescenta muito para as fiandeiras e movimenta a comunidade”, ressalta.
Marcelita Lemes tem 64 anos e é fiandeira. Para ela, o projeto é um resgate que traz consigo grande satisfação. A iniciativa, diz, gera interesse das novas gerações sobre o trabalho das fiandeiras o que pode perpetuar essa cultura. “Minha filha e minha neta estão aqui assistindo e aprendendo, o que me deixa muito feliz”, comemora.
“Buscamos as últimas fiandeiras da cidade, para mostrar e ensinar este antigo ofício às novas fiandeiras, resgatando essa tradição e fortalecendo este aspecto tão importante da nossa cultura”, ressaltou a vereadora. A Agopa ofereceu a matéria-prima para que as fiandeiras transformassem algodão em linha.
O diretor executivo da Agopa, Dulcimar Pessatto Filho, é um entusiasta deste tipo de iniciativa. Para ele, a cotonicultura moderna de Goiás pode, e deve, ajudar a manter vivas as suas próprias tradições. “Este projeto nos envolve de tal forma que não poderíamos deixar de participar”, garante.
Para o presidente da Agopa, Carlos Alberto Moresco, resgatar a tradição das fiandeiras é manter viva a história da cotonicultura, pois as duas atividades estão essencialmente entrelaçadas. “Se hoje temos um grande polo de confecções instalado em Goiás, essas fiandeiras fazem parte dessa construção”, comenta.